quinta-feira, 5 de maio de 2011

Amor&sexO

O amor tem jardim, cerca, projeto. O sexo invade tudo isso. Sexo é contra a lei.
O amor depende de nosso desejo, é uma construção qe criamos. Sexo naao depende de nosso desejo; nosso desejo é qe é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre de tesão.
O sexo é um desejo de apaziguar o amor. O amor é uma espécie de gratidão posteriori pelos prazeres do sexo.
O amor vem depois, o sexo vem antes.
No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde.
O amor precisa do pensamento. No sexo, o pensamento atrapalha; só as fantasias ajudam.
O amor sonha com uma grande redençaao. O sexo só pensa em proibições: naao há fantasias permitidas.
O amor é um desejo de atingir a plenitude. Sexo é o desejo de se satisfazer com a finitude.
O amor vive da impossibilidade sempre deslizante para a frente. O sexo é um desejo de acabar com a impossibilidade.
O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrário naao acontece.  
Existe amor sem sexo, claro, mas nunca gozam juntos. Amor é propriedade. sexo é posse.
Amor é a casa; sexo é invasaao de domicílio. Amor é o sonho por um romântico latifúndio; já o sexo é o MST.
O amor é mais narcisista, mesmo qdo fala em “doação”. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo no egoísmo.
Amor e sexo saao como a palavra farmakon em grego: remédio e veneno. Amor pode ser veneno ou remédio. Sexo também tudo dependendo das posições adotadas.
Amor é um texto. Sexo é um esporte.
Amor naao exige a presença do “outro”; o sexo, no mínimo, precisa de uma “maaozinha”.
Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até mais sozinhos, na solidaao e na loucura. Sexo, naao – é mais realista! Nesse sentido, amor é uma busca de ilusaao. Sexo é uma bruta vontade de verdade.
Amor muitas vezes é uma masturbaçaao. Sexo, naao!
O amor vem de dentro, o sexo vem de fora.
O amor vem de nós e demora. O sexo vem dos outros e vai embora.
Amor é bossa nova; sexo é carnaval.
Naao somos vítimas do amor, só do sexo. “O sexo é uma selva de epiléticos” ou “O amor, se naao for eterno, naao era amor” (Nelson Rodrigues).
O aamor inventou a alma, a eternidade, a linguagem, a moral. O sexo inventou a moral também do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge.
O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixooes. O sexo é mais qieto, como um cawboy – qdo acaba a valentia, ele vem e come.
Eles dizem: “Faça amor, naao faça a guerra”. Sexo qer guerra! O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo.
Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor qer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas...
O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas naao se explica!
O sexo sempre existiu – das cavernas do paraíso até as saunas relax for men. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provinciais do século XII e, depois, revitalizado pelo cinema americano da direita cristã.
Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem – o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo.
O amor domado protege a produção. Sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controla-lo é programa-lo, como faz a indústria das sacanagens. O mercado programa nossas fantasias.
Naao há saunas relax para o amor. No entanto, em todo bordel, finge-se um “amorzinho” para iniciar.
O amor está virando um “hors-d’oeuvre”(aperitivos) para o sexo.
O amor busca uma certa “grandeza”. O sexo sonha com as ''partes baixas''.
O PERIGO DO SEXO É QUE VCE PODE SE APAIXONAR. O PERIGO DO AMOR É VIRAR AMIZADE.
Com camisinha, há sexo seguro, mas naao há camisinha para o amor.
O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado.
Amor é o sonho dos solteiros. Sexo, o sonho dos casados. Sexo precisa da novidade, da surpresa.
O grande amor só se sente no ciúme” (Proust). O grande sexo sente-se como uma tomada de poder. Amor é de direita. Sexo, de esquerda (ou naao, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta).
Sexo e amor tentam mesmo é nos afastar da morte...
ou nos levar até ela. Basta vce se decidir! :)

3 comentários:

  1. Carliinha, parabéns por sua postagem! Muito bom este texto! É Arnaldo Jabor, não é? Abraço!

    Convido para que leia e comente algo no http://jefhcardoso.blogspot.com/ Espero que curta. Valeu!

    “Que a escrita me sirva como arma contra o silêncio em vida, pois terei a morte inteira para silenciar um dia” (Jefhcardoso)

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  2. Oi Jefhcardoso. Eh Arnaldo Jabor sim. mas com algumas modificações :D
    Obrigada pela visita. Irei visitar o seu tbm :D
    Grande Abraço!

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  3. Carliinha, simpatia é uma palavra pequena para definir o quanto você é agradável. Muito obrigado por seu comentário em meu blog!
    Obrigado por levar-me ao meu texto O Ginásio e o Fundamental II! Acabei relembrando e revivendo um pouco daquele momento que continua evoluindo o tempo inteiro. Meu filho fará 11 anos neste mês. Tenho tido o cuidado de orienta-lo para que fique atento ao atravessar as ruas e andar nas imediações de casa. Creio que logo estará retornando da escola junto com seus amigos conforme ele tanto quis no início do ano, e ainda deve querer, claro. Encantadora você, Carliinha! Parabéns!

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